Ciclo de vida.

Todos os anos, no início de Janeiro gosto de ir pela minha serra algarvia do sotavento(e não só)apreciar a beleza das amendoeiras em flôr. (ensinou-me a minha mãe que a flôr da amendoeira é a 1ª do ano). No início de Fevereiro volto e as amendoeiras estão no seu esplendôr. Também as florinhas brancas da erva rasteira cobrem o chão, fazendo lembrar um campo coberto de sal. Volto de novo em Março e aí dou pela falta das amendoeiras floridas ,como noivas nos seus longos e brancos véus. Estão já cobertas de verde e olhando-as de perto vemos muitas pequeninas amendoas. Em seu lugar os campos começam a cobrir-se de novo de branco, desta vez com as lindíssimas e ternurentas papoilas de esteva e das giestas que alegremente ondulam ao vento. Mais perto dos caminhos e por terrenos mais fofos ,surgem os malmequeres selvagens. Amarelos e brancos geralmente em extensos tufos.
Os pomares de larangeiras que noutro tempo já foram em muito maior nº e bem mais extensos, apresentam-nos o nosso ainda abundante ouro algarvio. Nas esplanadas abrigadas, os nossos fiéis amigos estrangeiros em grande parte gente em idade de reforma, exibem a sua bela côr bronzeada, lembrando-nos o verão que a passos largos se aproxima . Foi esta paleta de cores, a terra que me viu nascer e crescer e que todos os anos espero ansiosamente o início do próximo para me maravilhar com mais um novo ciclo. Nesta abençoda terra banhada de sol e de mar a primavera chega cedo e sempre maravilhosa e estonteante.