7 de fevereiro de 2014

“Viagens na minha Terra
Rumo ao Sul, terra Mãe!
8,20h- Saída da grande cidade. Horizonte negro, pelo meio , a ocidente, surge uma faixa curvilínea de Arco Íris.
Deslizando pelo cinzento e húmido  alcatrão, avisto paisagem de ambos os lados com pequenas flores brancas   espreitando os envergonhados raios de sol.
Mais adiante logo após uma larga e pouco pronunciada curva, espelham-se à nossa frente , os graciosos meandros do rio sado com os seus arrozais pontuados aqui e ali por gaivotas e garças, aquecendo-se ao sol, e  procurando alimento.
Estamos já atravessando a serra brava e vamos descendo para o barrocal, onde nos esperam largos e extensos laranjais com o seu brilhante  verde escuro ao sol. Minutos depois,as alegres, brancas e radiantes amendoeiras, autênticas noivas de longos e farfalhudos véus  por quem eu já “suspirava “ há umas semanas! Daqui por poucas semanas, estas lindas flores darão lugar aos seus frutos, de casca verde clara, aveludada e ovalada—as saborosas e nutritivas amêndoas!
Agora, os barros vermelhos do Barrocal, vão sendo substituídos por finos areais , alternando com mais uns kilómetros de perfumados laranjais, salpicados por uma ou outra mimosa já adiantada a abrir as suas flores amarelas de odôr adocicado. Cerro agora os olhos para descansar um pouco enquanto correm de ambos os lados os grandes  placards que anunciam importantes  superfícies comerciais e os seus inúmeros e “apelativos descontos”, fruto do desenvolvimento ?!! .Dou comigo a pensar  nas inúmeras vantagens do antigo comércio local.
Entretanto, o intenso cheiro a maresia, e a entrada numa rua apertada da cidade antiga, “ acorda-me”e na minha frente espraiam-se canais e rias de um azul intenso que se ajoelham, “ beijando”os pés da branca e pacata  cidade de Faro. A viagem prossegue, e vou entretando apreciando as lindas platibandas que ornamentam as  fachadas das casas que em boa hora ainda não deram lugar a incaracterísticos e desilegantes  blocos  habitacionais de ferro e cimento. O sol aberto inunda os quintais de bonitos alegretes e aquece os gatos que bocejam e se espreguiçam ao Sol.
Mais uns quantos kilómetros de paisagens coloridas e quentes, alternadas de verde  e azul , e despeço-me por hoje deste percurso de 4 horas que  me encheu a alma e espero ansiosamente pelo próximo.
Hortas, 30 de Janeiro de 2014

Fátima Dias

1 comentário:

  1. O nosso berço enche sempre a alma né?
    Doce nostalgia que nos faz tão bem!
    Escreves lindamente Fá!
    beijinho

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